█ Modelo Bolsonaro conseguirá realizar a sua “Perestroica”?

Carlos Alberto Pinto Silva.[1]


As tendências políticas, econômicas e sociais apontam para a emergência, na política e na sociedade, de indivíduos ou pequenos grupos extremamente poderosos unidos pela devoção às suas causas, mais do que ao desenvolvimento econômico e sucesso das políticas públicas, que visam bem atender a população.


A campanha nas eleições majoritárias de outubro de 2018, mostrou uma tendência nova e, para muitos, preocupante sobre a histórica polarização da luta política entre direita e esquerda no Brasil, a tentativa da grande mídia de influenciar nas eleições em favor da esquerda.


Bolsonaro chegou à Presidência conquistando 55,13% dos votos válidos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). As esquerdas e as grandes redes de comunicação sentiram o importante revés.


Lá vem a martelada![2] “Todo mundo martela para baixo, um prego que sobressai.”[3] Um grupo de pessoas e a imprensa cooptada não consegue suportar o sucesso político da direita liberal no Brasil, e gastam tempo e energia para denegrir, manchar a honra de quem foi o condutor da vitória política em outubro de 2018.


A grande mídia, após a posse do governo Bolsonaro, ampliou sua participação na polarização da política, ao tomar partido da oposição, usando seus canais de notícia como ferramenta para os ataques, sem convidar participantes independentes, profissional e politicamente falando, de modo a dar direito ao contraditório.


Com um Parlamento muito fragmentado, mas com uma perspectiva de grande sintonia com Washington e em meio a uma generalizada onda direitista no continente, o primeiro ano de mandato teve importância não só para o Brasil, mas também provavelmente para toda a região. Pelo peso do Brasil e pela tendência da América Latina ao rápido contágio transfronteiriço de experiências políticas, como mostram o movimento pendular continental para a esquerda na primeira década deste século, com a posterior maré generalizada à direita.


A vida democrática pressupõe, ao mesmo tempo, um grau de estabilidade política e da aceitação das mudanças ordenadas e legitimas do Poder, caso contrário, o chamado regime democrático de direito, mergulha em um agitado período de crise e disputa política.


Na era da informação o conhecimento passa a ser um recurso econômico e político crucial, as redes e meios de comunicação atuais (De massa e eletrônicos) se convertem em estrutura crítica, aqueles que dominam o conhecimento e os meios de comunicação se apoderam de um grande Poder Político.


No Brasil os meios de comunicação buscaram influenciar os resultados eleitorais e procuram explorar crises constantes, uma atrás da outra, buscando determinar, a agenda diária do governo e obrigar ao Poder Político a enfrentar uma corrente de crise e controvérsias.


O efeito tem sido uma aceleração da vida política que força o governo a tomar decisões sobre matéria cada vez mais complexa, em um ritmo que se faz mais rápido dia a dia, convertendo-o em vítima, por assim dizer, do apoderamento de Poder daqueles que dominam o conhecimento e os meios de comunicação.


No momento a luta pelo Poder se trava entre Executivo, Legislativo, Judiciário e representantes dos meio de comunicação (Grande mídia) que não foram nem eleitos, nem nomeados, mas escolheram um lado na atual polarização política.


No passado recente não foi diferente o difícil relacionamento das principais redes (Grande mídia) com o governo, senão vejamos:

Fernando Collor de Mello promoveu uma relação complicada, a imprensa foi dura com Collor. Seu impeachment começou com uma denúncia a Veja, e a imprensa atuou como instigadora política, fustigando o então presidente. A relação foi complicada.  (Avesso a críticas, governo Lula vê imprensa livre como adversário. Veja – 20 set 2010)

Fernando Henrique Cardoso diz que “Folha” promovia campanha de “desmoralização” durante seu governo. Para ele, alguns colunistas visavam tirá-lo do cargo. “É uma nostalgia de impeachment, como se houvesse uma imprensa capaz de derrubar pessoas”. (Portal IMPRENSA  20/10/2015)

– Sobre a Rede Globo FHC afirmou, ainda, “e por mais que sejam nossos amigos os que estão lá hoje, e são até bastante amigos meus, Merval [Pereira], Ali Kamel, não há quem controle as coisas.” (FHC detalha em diário, relação tensa com a imprensa durante seus mandatos – PODER -20/10/2015)

– Quanto ao Partido dos Trabalhadores não pode passar despercebido que, alçado ao Poder, Lula e o PT concentraram artilharia pesada contra a imprensa livre, pilar da democracia, buscando miná-la. Em oito anos de governo, foram várias as tentativas de cercear a atividade jornalista. (Avesso a críticas, governo Lula vê imprensa livre como adversário. Veja – 20 set 2010)


Com a Crise do Coronavirus a luta pelo Poder exacerbou a busca do protagonismo na solução do problema pelos Chefes dos Poderes da República e de Governadores que pretendem viabilizar futuras candidaturas a Presidente, e de importantes redes de comunicação buscando desacreditar e desestabilizar o governo e as autoridades federais com a intenção de apoiar a esquerda na polarização política, com isso a sociedade se vê desprotegida e presa num triplo laço de interesses.


Conclusão:

– É importante que as autoridades brasileiras tenham uma visão estratégica e pensem no futuro do nosso país e não nas próximas eleições.

– Vemos hoje o legislativo, judiciário e os governadores operando independentemente da atuação da Administrativa Federal, em busca de sua própria agenda e projetos.

– É imprescindível a atenção e a participação da sociedade no momento político e social que o Brasil está vivendo, para que as ações no combate ao coronavirus sejam articuladas para bem atender as necessidades da saúde e da economia, para que as ações de polarização política não possam passar despercebidas na busca de seus objetivos, e adquirir uma posição vantajosa antes que as  autoridades comprometidas com a defesa da democracia e a sociedade possam perceber a situação e reagir para  se contrapor a essa atividade de desestabilização do governo. – Por fim repetir j R Guzzo no artigo “Resistentes”. “Não se trata simplesmente de fazer oposição. Trata-se de anunciar ao Brasil que os derrotados não aceitam o resultado estabelecido pelos eleitores”


[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Buda Inf. Sol, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.

[2] Livro “Livre-se dos “Corvos”. Luiz Marins

[3] Ditado japonês.

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