.
RELEVÂNCIA POLÍTICA
Pinto Silva Carlos Alberto[1]
A HORA É AGORA
1. DUAS PEQUENAS LEMBRANÇAS
“O maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam”. (Arnold J. Toynbee)
“Quem impede os males com bastante antecedência pode, sem grande esforço, dar-lhes remédio; quem espera, porém, que eles se aproximem, inutilmente tentará enfraquecê-los; a doença tornou-se incurável. E ocorre com esta o que os médicos dizem a respeito da tuberculose; isto é, ser ela no princípio fácil de curar e difícil de perceber, mas, se não foi percebida e tratada no início, torna-se, com o andar do tempo, fácil de perceber e difícil de curar. O mesmo se dá com os negócios do Estado, quando se consegue distinguir os males quando apenas começam a surgir, fácil é destruí- lós; quando, porém, tendo passado despercebidos, se desenvolverem até o ponto de serem visíveis de todos, já não há como combatê-los”. (Maquiavel)
2. A HORA É AGORA
“Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova” [2]
A grave crise política e moral que sangra o país reclama uma atitude mais forte e presente da sociedade: “RELEVÂNCIA POLÍTICA”.
A ausência de reação e de uma atitude política mais significativa de parte da sociedade brasileira deixa a impressão de que algumas pessoa não se importam com o que vem acontecendo no país.
A percepção da influência de uma extensa “parte da classe média não engajada “é capital para chegar ao sucesso, de forma que esses não engajados se tornem, mais cedo ou mais tarde, soldados da luta política na defesa da democracia.
O momento exige que todos sejam “RELEVANTES”: isto é, ser capaz de criar, comunicar e difundir ideias e valores. Valores são vínculos que despertam nas pessoas um senso de orgulho de ser brasileiro, de pertencer a um grupo, de ter uma família, de filosofia de vida, de padrão de caminhos a seguir.
Pessoas unidas e pensando e agindo de forma criativa podem realizar o impossível. A união gera a força, tanto entre os integrantes de uma mesma causa, como no propósito da própria causa. Essas pessoas arrastarão outras.
Na luta pela democracia deve-se, então, inverter a questão e começar a construir um significado relevante para as ações (Objetivo). Qualquer tentativa que não esteja alinhada à construção de um objetivo relevante será perdida.
Deve-se focar a luta no centro de gravidade – “liderança política do grupo opositor”, e quando o centro de gravidade não puder ser atingido, dirigir a tudo que esteja vulnerável e possa favorecer o projeto da esquerda.
A ideia consiste em usar técnicas de disseminação da informação para moldar o “cérebro coletivo” do grosso da população, não as lideranças, e objetiva influenciá-la, indiretamente, a se manifestar e participar da luta política para vencer a esquerda em vez de baixar a cabeça e permanecer na passividade.
Pode-se discutir à vontade quais são os homens e mulheres com capacidade de opor ideias às do oponente, porém, não se discute, que sem eles pensando e conduzindo- sejam uns ou outras – as mudanças políticas não acontecerão. “As minorias pensantes[3] é que são capazes de opor às ideias do político outras, suas, que representam as tendências e desejos das massas”.
Na era da informação, é importante ressaltar, que o que está ao nosso redor não determina o que vemos: quem faz isso é o nosso interior, através de paradigmas, experiências, dogmas, a conjuntura que vivenciamos, e as pessoa e grupos que interagimos na internet. Quem você é, e com quem você interage, determina o que você vê e a forma como você pensa, fala e age, e assim, também, o grupo e o ambiente em que se vive. A proximidade reforça a semelhança.
Então o que fazer para que a sociedade brasileira deixe a letargia com que se habituou a conviver com as questões nacionais e se sinta atingida pelo atual momento político e social do país?
Somente fazendo os fatos repercutirem no interior da nossa sociedade, e não fora dela, haverá uma reação.
É claro que nenhum meio de ação pode garantir um sucesso rápido na luta política para evitar a volta da esquerda ao Poder, e da consecução de seu projeto de uma “Ditadura do Proletariado” ou “Sociedade Regulada” No entanto, práticas específicas, voltadas para os pontos fracos identificáveis da esquerda, têm mais possibilidades de sucesso.
Atacar o “calcanhar de Aquiles”, isto é, os pontos vulneráveis da esquerda brasileira, se possível reduzir a um ponto, para manter o foco e poder concentrar as ações em função das necessidades para atingir os objetivos da luta política, em um momento vivido; é razão para o sucesso.
A técnica hostil aterrorizando o público-alvo não funciona, portanto não deve ser utilizada. O sucesso está na qualidade intrínseca das ideias e verdades que apresentamos.
O objetivo é vender uma ideia, devendo começar pelas ideias mais simples, para que o grupo social se sinta confiante. As ideias precisam ter a capacidade de se manter em nossa memória e nos fazer pensar, falar e agir.
A Teoria do Desafio e Resposta – Arnold Toynbee – “coloca o destino dos povos nas mãos de suas lideranças. Obstáculos diversos são desafios que se antepõem ao processo de afirmação das nações. Ou estas superam esses desafios e se afirmam, ou não os superam, e são condenadas à estagnação e à desagregação”.
O grande desafio? Como conseguir o apoio e comprometimento das lideranças sociais, empresariais, comerciais, das associações de classe e do agronegócio?
O importante desafio? É que cada membro da sociedade brasileira deva saber onde se encaixa naluta para a conquista do poder político, para a defesa da democracia, e da sociedade com um todo, e participe do enfrentamento político para que no futuro não tenhamos a “Ditadura do Proletariado” ou “Sociedade Regulada”
O que acontece no Brasil, hoje, não é um problema de governo, oposição, parlamento ou judiciário, é um problema da SOCIEDADE.
A reação tem que começar em algum lugar e de alguma forma, não pode ficar apenas no previsível, se formos iguais manteremos a rotina política e social de sempre, e jamais daremos o grande salto que o Brasil precisa.
[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES
[2] Gandhi
[3] Lideranças formadas de cidadãos possuidores de representatividade, social, legal, ou pertencentes à iniciativa privada. Ex: federação das indústrias; federação da agricultura; grupos de serviços; lojas maçônicas.