MOMENTO POLÍTICO (2021)
Pinto Silva Carlos Alberto[1]
1. CIRCUNSTÂNCIAS OBSERVADAS
O Brasil vive, atualmente, uma triste realidade inovadora, com o emprego de atividades de guerra híbrida como nova via para a tomada do poder de forma violenta, caso falhe a “Via Pacífica”.
O centro de gravidade da ação está voltado a desestabilizar autoridades, e em criar o caos na sociedade, sucedendo-se a crise política.
A ideia é implodir o Brasil via convulsão social em coordenação com o potencial de protestos da população, principalmente dos descontentes com o governo. As ações podem ser diversas:violentas ou não-violentas.
Muitos estão substituindo a lealdade devida à nação pela fidelidade a causas, uma tendência dramaticamente acelerada graças à conectividade da internet.
Temos presenciado um constante aumento no poder da informação. Grupos políticos, de oposição, de sindicalistas e de insurgentes têm se beneficiado desta matriz informacional aperfeiçoada na execução de campanhas de comunicações estratégicas fundamentais às suas lutas.
Em resumo, as tendências políticas, econômicas e sociais apontam para a emergência, na política e na sociedade, de indivíduos ou pequenos grupos extremamente poderosos unidos pela devoção a uma causa mais do que ao desenvolvimento econômico e sucesso das políticas públicas, que visam bem atender a população.
2. ATIVIDADES DE DESESTABILIZAÇÃO DO GOVERNO PARA A TOMADA DO PODER
Estão acontecendo atividades de desestabilização do governo para a tomada do poder por meio, entre outros, dos seguintes fatos:
(Em sua “teoria do murro no paralítico” Lenine prescreve a desagregação da máquina do Estado, antes do golpe de força. Trata-se de aumentar a indecisão governamental e de “apodrecer” as instituições e os grandes órgãos do Estado. “Todos os meios são bons, se conduzem ao fim”)
– Obrigar o governo a se curvar frente ao sistema político e a burocracia derrotada em outubro de 2018;
– Ensaio de um caos político com a tentativa de desestabilizar o governo, e com um caos econômico e social como consequência da Pandemia, fazendo com que a dúvida e a insegurança dominem todas as ações e a nossa capacidade de indignar-se e reagir;
– Distorção da realidade política do Brasil colocandoa responsabilidade em tudo que acontece no atual governo;
– Campanha midiática, contrária ao governo, planificada e constante no campo interno e externo, reforçada agora em época de Pandemia;
– Algumas empresas da mídia que adotaram explicitamente o papel de antagonistas ao governo, e estão fazendo de tudo para desestabilizá-lo. O que querem, na verdade, é o retorno da posição que ocupavam no passado, o que não vai acontecer se o Presidente Bolsonaro continuar no Poder;
– Críticas ao governo por membros do Poder Legislativo e do Judiciário, que podem ser interpretadas como interferências indevidas no Poder Executivo;
– Possibilidade de ações de agroterrorismo para prejudicar a economia e colocar a culpa no governo;
– Constante ameaça de impeachment feita por políticos e membros da sociedade; e
– Frequente interferência do Poder Judiciário em seara que não lhe compete, segundo a imprensa.
3. COMO FAZER FRENTE A ESSE CENÁRIO
Para fazer frente a esse cenário é essencial que sejam evocados alguns cuidados que a sociedade deve ter:
– A natureza do emprego de atividades de Guerra Híbrida para a tomada do Poder de forma violenta cria condições para que as ações possam passar despercebidas na busca de seus objetivos e, provavelmente, adquirir uma posição política vantajosa, antes que o governo e a sociedade possam perceber a situação e reagir para se contrapor a essa atividade. Por esta razão os planejadores do movimento o mantem sigiloso o máximo de tempo possível e procuram apresentar suas ações como uma forma não violenta e legal para a disputa pelo Poder, aproveitando toda a proteção das leis que a democracia lhe oferece;
– atenção e participação do momento político e social que o Brasil está vivendo;
– voto consciente visando o combate à corrupção e a eliminação da política de pessoas que participaram ou foram responsáveis pelos desmandos vividos no Brasil, nas últimas duas décadas; e
– estratégias de Defesa do Estado Democrático de Direito, justamente porque a recente realidade para a tomada do Poder de forma violenta não se alinha com as antigas fronteiras de relacionamento de poder existente, alterada com a mudança de foco dos conflitos, com o surgimento da utilização de atividades de Guerra Híbrida na desestabilização de um governo visando a “Tomada do Poder”.
Os textos abaixo complementam o documento:
- https://www.defesanet.com.br/ghbr/noticia/35468/Gen-Ex-Pinto-Silva—Insurgencia-Moderna/
- https://www.defesanet.com.br/ghbr/noticia/31240/Gen-Ex-Pinto-Silva—Por-Que-Desestabilizar-O-Novo-Governo-/
- DefesaNet – Guerra Hibrida Brasil – Gen Ex Pinto Silva – Crime de Responsabilidade ou Luta pelo Poder?
[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES