Começo este texto com um pedido de desculpa aos meus leitores, por, mais uma vez, citar Ricardo Boechat. Acontece, que, depois que bani, ou melhor, bloqueei, como se diz hoje, a rede Globo, que perdeu, completamente, a identidade que tinha com minhas ideias, passei a vê-lo com mais frequência.
Estou para escrever sobre isso, desde o dia 9 de agosto, quando ouvi seu comentário, no Café com Jornal da Band News TV, no dia do debate dos candi-datos no primeiro turno, na Rede Bandeirantes, não o tendo feito, antes, por ter-me dedicado a produzir outros documentos, à época, mais urgentes. Disse, então, o referido jornalista, em uma tentativa de nivelar, negativamente, os candidatos a Presidente da República, que eles somente discutiam, genericamente, os assuntos, sem dizer como resolveriam os problemas, como se vê abaixo:
“A maioria dos candidatos presentes no debate não têm, ainda, concretamente, nas mãos, ideia do que vão fazer, caso vençam. Não têm! Têm diretrizes gerais. Ah, vou interromper a privatização! Ah, vou ser a favor do aborto, ou contra o aborto! Mas não tem aquela coisa do: olhe, na segurança, vou fazer o seguinte: vou aumentar o contingente da Força Nacional de Segurança de tanto para tanto, com verba daqui e dali; vou aumentar o contingente da Polícia Federal, vou criar o núcleo da Polícia Federal na fronteira, que vai ser o maior do Brasil; blá, blá, blá, blᔹ.
Meu caro Boechat, você, e a maioria dos analistas políticos que falam por aí, simplesmente, não entenderam nada sobre o quer a maioria do eleitorado brasileiro neste momento, por isso se surpreenderam quando os institutos de pes-quisa, ao perceberem que não tinham conseguido influenciar os eleitores, come-çaram a aproximar suas pesquisas fraudadas das verdadeiras intenções de voto do eleitorado, para não se desmoralizarem com erros absurdamente grosseiros.
Não foram os votantes que mudaram, rapidamente, sua percepção. Foram os pesquisadores que favoreceram determinado candidato, ignorando, completa-mente, o que pensavam os pesquisados.
Os brasileiros não querem, nem um pouco, saber como os candidatos pretendem resolver este ou aquele problema. O que eles querem é saber, simplesmente, o que eles farão e, principalmente, o que não farão, se forem eleitos.
O problema mais grave que aflige o País não é administrativo, mas ideológico.
Aliás, em sua maioria, os eleitores já sabiam como queriam que o Presidente fosse, antes mesmo que algum candidato passasse a defender as mesmas bandeiras.
Nós, como um dos integrantes dessa maioria, até então, invisível, também queríamos um Presidente, que:
- Fosse contra o aborto e considerasse que o valor a ser defendido pelo Estado fosse o direito à vida do feto, que é absolutamente indefeso por seus próprios meios, e não um discutível direito da mulher ao uso de seu corpo, quando, em verdade, ela não estaria usando, mas destruído, não o próprio corpo, mas o corpo do filho;
- Fosse contra o casamente do pessoas do mesmo sexo, já que a finalidade desse instituto não é, como querem alguns, oficializar a relação do casal (homem e mulher), mas proteger a próxima geração (ou alguém seria suficientemente ingênuo para imaginar que os incentivos fiscais dados pelo legislador são para financiar a relação sexual de alguém, em vez de dar segurança ao filhos?);
- Valorizasse a família tradicional e defendesse a escola sem partido e, muito mais, sem ideologia;
- Fulminasse a ideologia de gênero e todas as aberrações semelhantes;
- Entendesse que a lei deve proteger, preferencialmente, a vítima, que não pode ser responsabilizada pela violência sofrida;
- Defendesse a diminuição da maioridade penal, uma vez que, atualmente, um jovem de 16 anos tem plena consciência do que é certo e do que é errado e tem um potencial ofensivo muito maior do que tinha quando a lei fixou o limite em 18 anos;
- Respeitasse a propriedade privada;
- Fosse economicamente liberal e politicamente conservador;
- Abominasse o politicamente correto, por ser una forma de limitar a liberdade de pensamento, criar o pensamento único definido pelo Estado, extin-guir a diversidade “tão cara” aos esquerdistas e facilitar a implantação de regimes ditatoriais;
- Garantisse o direito à legítima defesa, permitindo a posse de arma de fogo pelos cidadãos, restringindo-a, apenas, aos criminosos;
- Reconhecesse os Direitos Humanos como instrumento destinado a proteger, preferencialmente, as pessoas de bem.
- Rejeitasse a ideia de divisão de classes, raças e sexo, negasse privilégios a qualquer categoria, e pusesse fim a políticas racistas, como a adoção de cotas;
- Combatesse, com todos os meios disponíveis, as ultrapassadas ideologias alienígenas, sectárias e antidemocráticas que infernizam o Brasil desde 1935;
- Fosse patriota e honesto e, finalmente,
- Considerasse o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos.
Tendo o eleitor encontrado um candidato com esse perfil, podem dizer dele o que quiseram, podem fazer a campanha que quiserem, que ninguém, mudará o voto. Somente fraude nas urnas derrotaria esse candidato. E elas, ao contrário do que dizem, são possíveis, pelo simples fato de que não há sistemas absolutamente seguros, Além disso, sem entrar no mérito das motivações, uma evidência de que as fraudes existem e querem escondê-la é a reação histérica com que se manifestam as autoridades eleitorais, sempre que alguém expressa essa suspeita. Se estivessem, verdadeiramente, convencidos de que tal fraude seria mínima e não afetaria o resultado das eleições, bastaria dizê-lo com serenidade, expondo suas razões, mas, não, agridem e desqualificam quem questiona, como se tivesse cometido um sacrilégio. Alguém comentou que Bolsonaro pusera emdúvida a segurança das urnas, mas havia vencido o primeiro turno com grande vantagem, como se nisso houvesse incoerência. A verdade é que a capacidade de se fraudar um sistema não é absoluta. No caso das urnas, seria de cinco, dez, vinte por cento? Não sabemos, mas, se a votação de um candidato superar a capacidade dos fraudadores, ele será eleito. A tirar pelos resultados das pesquisas de intenção de voto deste segundo turno, tudo indica que Bolsonaro superou a capacidade das fraudes, e os institutos de pesquisa desistiram de apresentar resultados falsos, que seriam inúteis e só se prestariam para desmoralizá-los, já que não serviriam para coonestar as fraudes, porquanto o candidato a ser derrotado, fraudulentamente, seria eleito de qualquer modo.
Que assim seja.
É o melhor para o Brasil.
O autor é Coronel-Aviador, Presidente da Academia Brasileira de Defesa, Vice-Presidente do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos e Membro Efetivo do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.
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