Pinto Silva Carlos Alberto[1]
“Assumindo tendências exponenciais, Philip M. Fearnside, (INPA – Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia), mostra que os Estados do Pará, Maranhão, Goiás e Mato Grosso seriam devastados em 1990. O Acre seria totalmente devastado antes do ano 2.000, Roraima e Amazonas brevemente, após o ano 2.000. Somente o Amapá sobreviveria até o século 22. Avaliando estas tendências o total da floresta seria devastado antes do ano 2.000! Nós devemos permitir que isto aconteça?” (José Lutzemberg – Conferência no Canadá 1983 – segundo – Agapan).[2]
Philip M. Fearnside, norte-americano, é, desde 1978, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), com sede em Manaus e José Antonio Lutzenberger foi um agrônomo, escritor, paisagista e ambientalista brasileiro que fundou a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN) e a Fundação Gaia, tendo sido, ainda, ministro do Meio Ambiente no governo Collor, quando contribuiu para a demarcação das terras ianomâmis.
Essas posições e declarações nada promissoras para a Amazônia não se concretizaram, porém, reverberam na comunidade internacional e contribuem para as mais variadas tentativas de pressões externas sobre o governo brasileiro.
A defesa da soberania e dos interesses nacionais do Brasil exige sacrifícios e desafia ao enfrentamento de muitas dificuldades. Por outro lado, as únicas pessoas que enfrentam, voluntariamente, dificuldades por uma causa são as que acreditam que existe um valor maior na sua ação, que lhes parece mais significativo.
O Estado (Nação) deve, nesse cenário, lançar mão de todos os meios disponíveis para colocar uma “motivação positiva”, que faça com que o esforço exigido de cada cidadão e da população inteira pareça necessário e significativo. Este armamento psicológico, a motivação, é o pré-requisito para a condução bem sucedida de toda ação. A crença em tal ideia não apenas torna possível a cada indivíduo enfrentar o martírio como também agrega valor de compromisso a uma comunidade que nela acredita. É essa comunidade que vai apresentar as pessoas que defenderão seu país. Nela o indivíduo se sentirá seguro, “em casa”. É este sentido de vinculação, o saber confiar um no outro e a convicção de cada um pode confiar em todos os outros membros que os conduzirá a superar os maiores desafios.
Como consequência surge um importante fator para a correta formulação das estratégias de defesa: o preparo da opinião pública (Conquista da mente e coração da população).
Segundo Clausewitz “Ninguém começa uma guerra – ou melhor, ninguém de bom senso deve fazê-lo – sem primeiro ter bem claro em sua mente o que com ela pretende alcançar e como pretende conduzi-la. O primeiro aspecto é o objetivo político da guerra; o último seu objetivo operacional. Esse é o princípio normativo que irá estabelecer o seu curso, definir a sua escala de meios e esforços necessários e fazer a sua influência sentida em todos os aspectos, até mesmo nos melhores detalhes operacionais.”
Clausewitz, ainda, encara a guerra como um instrumento racional de política nacional. Deveria ser racional, no sentido de que deveria ser baseada numa avaliação de custos e ganhos da guerra, ser instrumental com vista a alcançar-se um objetivo, ser nacional, para que seu objetivo fosse a defesa dos interesses de um estado nacional e para que se justifique que todo o esforço de uma nação, se necessário, seja mobilizado a serviço da dos Interesses Nacionais.
O Exército Revolucionário Francês (denominação do exército da França entre a queda do antigo regime de Luís XVI, em 1792, e a formação do Primeiro Império de Napoleão Bonaparte, em 1804) era composto não de profissionais, nem de recrutas que não tinham qualquer ideia nem compreensão da guerra, mas de “patriotas”, um conceito novo na política europeia. Essa gente acreditava que se batia por qualquer coisa. A princípio, as guerras eram travadas em defesa da Revolução contra os ataques dos poderes monárquicos que procuravam abafá-la.
Napoleão compreendeu a extraordinária importância deste novo fator. Clausewitz conseguiu aprender todo o significado das lições de Napoleão, dado seu espírito militar. Clausewitz dizia, com efeito: “Deem a guerra ao povo! O Estado é o Povo!”
A cerrada inter-relação de assuntos políticos e militares sugere uma conclusão alcançada por Clausewitz – especificamente a guerra é travada por uma “tríade extraordinária” composta por governo, forças armadas e povo.
“Uma teoria que ignore qualquer um desses três elementos ou que procure fixar um relacionamento arbitrário entre eles, entraria de tal maneira em conflito com a realidade que só por esse motivo ela se tornaria inteiramente inútil.”
Por fim algumas ideias retiradas do capítulo XXVI (Armamento do Povo) do Livro VI (A Defesa) do Livro “Da Guerra”.
– “Nós não perguntamos, pois, o que custa a uma nação a resistência que oferece ao correr toda inteira às armas; Mas perguntaremos que influência terá esta resistência, quais são as condições e modos de ação.”
– “Se o próprio povo não estiver preparado para, se necessário, tomar
parte da defesa do seu país, não poderá em longo prazo ser protegido” (Clausewitz).
[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.
[2] Os “Eco – Pinóquios” Falam Sobre a Amazônia. – Contestações do Prof. Gilberto Mestrinho – Raimar da Silva Aguiar. – Publicado por: Imprensa Oficial do Estado do Amazonas – Ano 1992