A Conjuntura Internacional, com tentativas de intervenção nos assuntos internos e desrespeitos à soberania e ao patrimônio nacional das nações mais fracas militarmente por parte das mais poderosas demonstra, a cada passo, de forma frequente e repetida, o quão perigoso é o desarmamento do gigante Brasil em face das reais e ponderáveis ameaças que o desafiam.
A despeito de todas as dificuldades econômicas da época, a dotação urgente da Expressão Militar com elementos reais e eficazes de dissuasão e deterrência, que mostrem a qualquer possível agressor os custos que teria de pagar por sua aventura bélica contra nós intentada, é imperativo urgente, mesmo que sacrifícios adicionais tenham de ser exigidos do nosso povo. Os problemas de segurança e defesa merecem ser discutidos e analisados, com ampla participação das elites nacionais e das pessoas comuns, a fim de criar a consciência generalizada de que Desenvolvimento e Segurança devem caminhar juntos e balanceados, e de que o Primeiro Mandamento é manter o Brasil livre e soberano, para cuidar, como sequência natural, do aperfeiçoamento da Terra, do Homem e das Instituições. Bem informado e participante ativo do processo, o que não vem ocorrendo desde sempre, os brasileiros aceitarão de bom grado o seu quinhão para o que for necessário para resguardar a Pátria de todos os perigos.
A imprevidência do Estado brasileiro quanto ao necessário fortalecimento das Forças Armadas, para garantir Independência e Soberania, é histórica. O Barão do Rio Branco, nosso diplomata maior e sabiamente dotado do estofo de Estadista, sempre clamou pela necessidade imperiosa de termos fortes Marinha e Exército, para sermos respeitados e acatados pelo mundo inteiro.
Iniciamos a Guerra do Paraguai com pujante Marinha que, embora de destinação oceânica, o que dificultou sobremodo as manobras nos trechos estreitos, pouco profundos e sinuosos de grande parte do ambiente fluvial em que teve, então, que combater, pelo valor dos seus marinheiros abriu e pavimentou o caminho para nossa Vitória final. O Exército, que foi coroado com os lauréis da Glória, possuía um efetivo de 8.000 homens, que teria de enfrentar os aguerridos 80.000 colocados em linha de batalha por Solano Lopes, daí a ingente necessidade da convocação dos bravos Voluntários da Pátria.
Na Segunda Guerra Mundial, combatendo no quadro da Aliança Democrática, para participar eficazmente da Batalha do Atlântico, tivemos de receber navios dos EUA devido à obsolescência de parte da Esquadra poderosa que fora construída de acordo com o Programa Naval de 1910, e os corajosos pracinhas da FEB tiveram de receber calçados e roupas adequados ao frio que iriam enfrentar, armamento e munições também dos EUA, antes de partirem para a Itália, onde honraram as tradições das Invictas Armas Brasileiras. As aeronaves com as quais brilharam nos céus peninsulares os bravos aviadores do 1º Grupo de Caça foram, também, obtidos junto ao aliado americano.
Na luta contra o Comunismo Internacional, durante a Guerra Fria, estivemos também integrados na Aliança Democrática. A Marinha, então, especializou-se na Guerra Anti-Submarino, pois a maior ameaça do inimigo soviético, dotado de poder naval inferior ao dos adversários de então, era representada por sua Força de Submarinos nucleares e convencionais.
Mesmo no período auspicioso dos governos originados da Salvadora Revolução Democrática de 31 de Março de 1964, depois da magnífica gestão do General Médici, não veio seu sucessor, General Geisel, proclamar “o máximo de Desenvolvimento com um mínimo de Segurança”?
Assumindo Collor o governo, aceitou as limitações ao Programa Nuclear Brasileiro (Tratado de Tlatelolco), além das restrições ao alcance do mísseis fabricados no Brasil (MCTR) e à Missão Espacial Completa Brasileira, e a delimitação de “áreas indígenas” na faixa de fronteira amazônica, por imposição estrangeira. Contra tudo isso me bati, desde quando ainda no Serviço Ativo,e também pelo Fortalecimento e Atualização dos Meios Colocados à Disposição das Forças Armadas e pela Remuneração Justa para os Militares e Civis do Plano de Classificação de Cargos, que conosco trabalhavam pelo Brasil, colhendo como resultado a passagem prematura e”ex-officio” para a Reserva Remunerada.
Hoje, num mundo marcado de carências, de conflitos e guerras localizados e de miséria, a monumental riqueza do Brasil em recursos naturais de toda a ordem desperta a cobiça dos pretensos “senhores do mundo’, de todos os matizes e ideologias. É imperativo, pois, que nos preparemos para exercer a dissuasão necessária contra os aventureiros de todas as origens, desenvolvendo e fabricando no Brasil os meios militares que nos permitam garantir Liberdade, Dignidade, integralidade do Patrimônio Nacional ao amado Torrão, ao nosso povo e às nossa instituições.
O Gigante Adormecido e seus responsáveis políticos, econômicos, psicossociais, tecnológicos e militares têm de levantá-lo do Berço Esplêndido e realizar o que é preciso, para sermos, de fato, livres, soberanos e senhores dos nossos destinos. O tempo urge, a argumentação tem de ser persistente e bem lastreda, mas sempre buscando atrair simpatia e apoio irrestritos de todos os patriotas e de todos os segmentos da população, persuadir e conquistar aliados convictos da grande causa de preservar a integralidade do Colosso que recebemos das lutas, do sangue e dos sacrifícios de nossos corajosos e combativos ancestrais!
A Índia, com todos os seus gigantescos problemas econômicos e sociais, muito maiores que os nossos, é uma poderosa e respeitada potência militar e nuclear, graças à clarividência dos seus líderes. Por outro lado, a pobre e esfomeada Coréia do Norte assusta o mundo com seu incrível arsenal bélico nuclear, construído a ferro e fogo pelo seu infeliz, fanatizado povo escravo.
O Brasil não pode, nem deve continuar descurando-se da defesa eficaz, forte e atualizada, que desestimule os agressores em potencial! Todos os talentos e recursos devem ser alocados para suprir as carências da Segurança Nacional. Os dinheiros públicos subtraídos pela corrupção e pelos privilégios descabidos de toda a ordem de que gozam Legislativo, Judiciário e setores privilegiados do Executivo, nos três níveis administrativos, seriam uma significativa fonte inicial dos meios requeridos!
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Depois, pelos tempos afora, a magna tarefa dos brasileiros, governo e cidadania, seria cuidar do Desenvolvimento, sem descurar , jamais, da Segurança Nacional, como tão bem ensina a Escola Superior de Guerra!