█ Evitando marchas, contramarchas e desgastes

Marcha, segundo os dicionários, é o ato ou efeito de marchar; mas, também, pode significar o progresso ou o desenvolvimento de alguma medida ou ação empreendida. Seu oposto, a contramarcha, indica uma marcha em sentido contrário a que se fazia; isto é, uma reviravolta na ação inicialmente empreendida.


 Nosso atual presidente, Jair Bolsonaro, tem sido pródigo em empreender ações que visam corrigir, modificar ou desfazer inúmeras medidas impatrióticas, antinacionalistas e, até mesmo, venais, introduzidas pelos anteriores governos de esquerda que comandaram o país nas últimas décadas.


Ocorre que os anteriores governos, bem assessorados pelo Foro de São Paulo, além de aparelharem a mídia e a administração dos três poderes da república, cuidaram para que muitas das ações por eles implementadas, lesivas ao povo brasileiro e ao regime democrático, fossem respaldadas por leis aprovadas por um parlamento cativo onde tinham maioria de votos. Com isto, muitas das novas ações propostas por Jair Bolsonaro, ao receberem críticas partidas de todos os seus opositores, não puderam ser levadas adiante e ele teve que se retratar e voltar atrás em algumas de suas declarações feitas a mídia.


Recentemente o presidente mencionou que o jornal Folha de São Paulo não poderia participar da concorrência destinada a renovar assinaturas digitais de veículos de mídia para o governo, cujo edital, ao ser divulgado, explicitava está proibição. Foi imediatamente criticado pela mídia opositora e pelos tradicionais inimigos que, ainda encastelados nos três poderes, fazem parte do aparelhamento promovido pelos governos anteriores de esquerda


Posteriormente uma decisão revogando o edital, que excluía o referido jornal da licitação, foi publicada pela Secretaria Geral da Presidência no Diário Oficial da União.


O motivo para a contramarcha se deveu a representação do subprocurador geral junto ao Tribunal de Contas da União, solicitando uma medida cautelar de proibição da exclusão da Folha de São Paulo, alegando que a exclusão ultrapassava os estreitos limites da via discricionária do ato administrativo, ofendendo os princípios constitucionais da impessoalidade, isonomia, motivação e moralidade.


Evidentemente, o referido jornal, em virtude de inúmeras matérias ofensivas, tendenciosas e de inverdades divulgadas contra o presidente, sua família e seu governo, poderia ter sido acionado judicialmente pelo presidente e, como tal, considerado inidôneo para participar de concorrências da Presidência da República. Isto, todavia, não foi feito e o presidente teve de voltar atrás em sua decisão.


Desde o início do seu governo, por várias ocasiões, Bolsonaro já voltou atrás em diversas declarações e decisões que divulgou através da mídia, evidenciando uma ausência de cautela necessária ao cargo e falhas de suas assessorias jurídicas e legislativas em alertá-lo para as eventuais implicações legais ou impossibilidades técnicas, jurídicas e administrativas relativas aos temas abordados em suas falas. Citarei neste artigo, apenas, algumas que tiveram mais atenção da mídia:


A despetização imediata da Casa Civil, que gerou um apagão administrativo por falta de pessoal; o edital do MEC, no qual o governo anunciou mudanças no Ministério da Educação para a compra de livros didáticos e depois voltou atrás; a declaração da mudança da embaixada do Brasil em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém, logo depois desmentida; o rompimento com o MST, revogado após a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, vinculada à Procuradoria-Geral da República, ter recomendado o fim dessa orientação para não gerar tensões sociais e conflitos no campo; o desconvite, com visível desconforto, do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, a Ilona Szabó (a pedido do presidente, em virtude desta ser sua opositora) para integrar o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, como membro suplente; a crítica feita aos imigrantes mexicanos para os USA, quando em visita àquele país, ao declarar que “a grande maioria dos imigrantes, em potencial, não tem boas intenções nem quer fazer o bem ao povo americano”. Pouco depois declarou “Foi um equívoco meu. Boa parte tem boas intenções, a menor parte, não. Peço desculpas”; a declaração, logo no início do seu governo, sobre a possibilidade de um acordo com os USA para a instalação de uma base de lançamento de foguetes em Alcântara. Pouco depois recuou do que havia dito, afirmando não haveria nenhuma base estrangeira no Brasil. Logo depois, em visita aos USA, assinou acordo que permitia a instalação de uma base norte americana no Maranhão, com finalidades comerciais de lançamento de satélites; outros recuos ainda existiram, como nos casos da fusão da Embraer com a Boeing, da Reforma da Previdência, da queimada na Amazônia e do derrame de petróleo nas praias do Nordeste, cujos detalhes omitiremos para não nos estender muito.


Na nomenclatura da caserna, existe um termo militar conhecido como Bivaque, que se refere ao estacionamento provisório de tropas protegidas por barracas ou sob algum tipo de abrigo natural. Por extensão, pode ser considerado como um descanso provisório onde as forças são recompostas, onde se promove o recompletamento de pessoal e de material; bem como, onde se corrige eventuais deficiências de toda ordem constatadas.


Creio que está deveria ser a hora de um bivaque presidencial. Nesta pausa, a equipe presidencial poderia ser recomposta; as deficiências nas assessorias jurídicas, políticas e de inteligência rapidamente sanadas; o presidente poderia, a partir de então, ser menos impulsivo em suas declarações oficiais, para evitar, mais a frente, ter que recuar e se desdizer, com um evidente desgaste para a sua imagem pública.


Sou eleitor de Bolsonaro, trabalhei para sua eleição e acredito em milagres, como, por exemplo, aquele que fez com que ele, um simples deputado (sem nenhum recurso e nadando contra toda uma maré ideológica contrária, instalada em grande parte dos três poderes da república, no meio de grandes empresários e de artistas famosos, beneficiados com recursos públicos, e em parte da população que, de uma forma ou de outra, se beneficiava dos governos de esquerda), conseguisse se eleger presidente do Brasil; mesmo enfrentando obstáculos monumentais. Entretanto, ele não pode desperdiçar a oportunidade única que teve, com episódios de marchas e de contramarchas que sinalizem falta de decisão e/ou despreparo.


Jair Bolsonaro ainda conta com milhões de eleitores e seguidores, que são a base do seu apoio político; notadamente entre as categorias militares subalternas seu prestigio era enorme. Não deve relegar este apoio; mas, sim, cultivá-lo. Deveria, ademais, possuir uma assessoria de inteligência pessoal, constituída por oficiais engenheiros das forças armadas, oriundos dos cursos de Comunicação, Computação e Eletrônica do Instituto Militar de Engenharia e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, organizações top de linha no campo da Engenharia no país.


O presidente, na minha opinião, deveria ter um horário semanal nos canais abertos de televisão, onde fizesse uma explanação de suas realizações e dos obstáculos encontrados, para que o povo tomasse ciência, através dele mesmo, sobre a sua administração, desfazendo, com isso, boatos, mentiras, manobras de desinformação e de contrainformação divulgadas pela mídia, interna e externa, a serviço de pessoas, de partidos políticos, de países estrangeiros e de ideologias internacionalistas, espúrias.


Jair Bolsonaro tem tudo para fazer um bom governo, como ficou bem claro em suas recentes viagens pelo exterior nas quais foi bem acolhido pelas diversas autoridades com as quais conversou e, como prova disto, recebeu diversas ofertas de apoio financeiro para novos empreendimentos no país. Com o fim da chamada ‘PEC da Bengala’ e a possibilidade de uma renovação de ministros na mais alta corte do país, a insegurança jurídica atual deverá se reduzir e a governabilidade, certamente, irá aumentar com a vigência, de fato, de maior independência entre os poderes. Não pode o presidente imaginar que as forças negativas que desejam o insucesso do seu governo estejam adormecidas, pois não estão. Trabalham elas, diuturnamente, ostensivamente ou nas trevas, para sabotar tudo aquilo de bom que ele tem promovido em prol do país como um todo e dos brasileiros em particular.


Nas próximas eleições de outubro de 2020, em que serão eleitos novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, o partido do presidente recentemente criado (Aliança pelo Brasil), com toda certeza, deverá eleger muitos destes novos candidatos, aumentando, assim, o seu apoio político em todo o Território Nacional. Acredito que a pior fase já tenha passado, isto é, a fase da mudança de um governo de orientação esquerdista para outro de direita. Aos poucos as coisas deverão ir se ajustando.


Sou de opinião, no entanto, que a figura do presidente de hoje não pode ser a mesma do deputado de ontem. A sinceridade de falar o que pensa, de ser autêntico, honesto e franco, de possuir um espírito desarmado contra as maldades e as más intenções de seus oponentes, fatores estes que tornavam previsíveis os seus atos e que constituíram as qualidades diferenciais que o elegeram presidente, não são as mais adequadas para governar um país ainda aparelhado pela esquerda, com quintas colunas infiltrados em grupos próximos a ele e com uma mídia hostil por ter perdido privilégios.


O presidente tem que ser um estrategista; um jogador de xadrez que, em sua mente, adianta várias jogadas futuras; comedido naquilo que diz para não se desdizer mais a frente; mais ouvinte do que orador; pronto a trocar personagens de sua equipe que se mostrem falsos ou despreparados; centrar suas escolhas para compor a equipe de governo na competência profissional e não nas velhas ou nas novas amizades.


Deve deixar que seus ministros falem primeiro e que seja dele a última palavra e não o contrário, que ele fale primeiro e seja desmentido por seus ministros pouco depois.


Assessores do mais alto nível, com profundos conhecimentos nos campos psicossocial, político e estratégico (como alguns que os antigos governantes de esquerda tinham sempre ao seu lado para orientá-los), deveriam participar de reuniões frequentes com o presidente, fornecendo indicadores e traçando rumos sobre diversos temas importantes para o desenvolvimento e a segurança nacional.


Essas qualidades, a meu ver, são aquelas que o manterão no cargo até o final do mandato presidencial.