█ Escrevendo para si mesmo

Todo escritor, seja de simples comentários políticos até de contos, crônicas, romances, novelas e ensaios, gosta de ter aquilo que escreve lido pelo maior número possível de pessoas. Os seus textos são como filhos queridos, que qualquer escritor deseja sejam constantemente observados e elogiados pela finura dos traços, pela educação aprimorada, pelo caráter imaculado, pelas ricas vestimentas, pela rara inteligência e pela beleza destacada.


Assim tem sido desde os tempos em que o homem inventou a escrita. Ocorre, entretanto, que se os livros e textos eram disputados avidamente quando existiam em pouca quantidade, na atualidade, na era da informação, da WEB e das redes sociais, quando milhões de textos estão diariamente disponíveis, as coisas se passam de outra maneira.


Recente estudo da Nielsen Norman Group, empresa norte americana, revelou que, em média, as pessoas leem, apenas, um quinto de todo o conteúdo que existe dentro de uma página da web. Outra pesquisa também mostrou índices que chamam a atenção: oito a cada dez pessoas leem, tão somente, a ‘headline’; ou seja, o título da matéria, mas, apenas, duas a cada dez pessoas leem o restante do texto. Isto tem feito com que os editores invistam em manchetes ou títulos persuasivos, buscando despertar nos leitores o interesse necessário para que continuem lendo o restante da matéria. Ademais, paradoxalmente, na era da informação, segundo as pesquisas indicaram, apenas vinte por cento de qualquer conteúdo literário é lido, seja por falta de tempo, seja por que a atenção do leitor já foi despertada por outro título ou manchete mais interessante.


Em nosso país, segundo pesquisa do Instituto Pró-Livro denominada Retratos da Leitura, quarenta e quatro por cento da população não lê nada e trinta por cento jamais comprou um livro. A média de livros lidos anualmente, pelos eventuais leitores, é de 4,96. Destes, apenas, 2,43 foram lidos integralmente até o final e 2,53 foram lidos, tão somente, de forma superficial. Isto sem mencionar textos políticos, científicos e filosóficos, cujo eventual público leitor é muito mais reduzido.


Por sua vez o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que consiste em uma prova levada a efeito em setenta países, com estudantes entre quinze e dezesseis anos, evidenciou que cinquenta e um por cento dos estudantes brasileiros estão abaixo do nível dois, considerado este um patamar básico. A média atual obtida no PISA pelos estudantes brasileiros foi de 407 pontos, bastante inferior a dos estudantes dos demais países participantes.


Nota-se a existência de um enorme contingente de analfabetos funcionais formados, ao longo das três últimas décadas de governos de esquerda, por mestres ativistas ideológicos e militantes políticos. São jovens que, embora sabendo ler, não possuem conhecimentos suficientes para interpretar aquilo que leram. Ao se formarem não conseguem emprego, pois não foram preparados para o mercado de trabalho e sim para o proselitismo político e ideológico.


Ademais, em conformidade com outra pesquisa, cerca de trinta por cento dos professores brasileiros se declararam não leitores.


Imagino que este quadro todo, em nosso país, possua duas componentes: uma natural, fruto do nosso tradicional subdesenvolvimento intelectual e outra artificial e planejada, criada pelos intelectuais de esquerda que se assenhoraram da educação pública em nosso país nas últimas décadas, como forma de preparar a juventude para a aceitação da ideologia marxista que precederia a um governo socialista bolivariano, que pretendem ainda implantar, sendo esta uma versão cabocla do comunismo.


Por este motivo, tem sido tão difícil ao presidente Jair Bolsonaro, liberal de direita, nomear um Ministro da Educação que promova as necessárias mudanças tendentes a retirar a ideologia política dos currículos escolares, afastar da educação pública os ativistas e militantes de esquerda e nomear reitores das universidades públicas que as transformem naquilo para o qual foram criadas e mantidas com recursos públicos: entidades destinadas a formar profissionais de nível superior para o mercado de trabalho e não para manter, com dinheiro de impostos retirados do povo em geral, ativistas políticos, drogados e viciados em práticas sexuais antinaturais, as quais consumam nas próprias salas de aula e nos corredores das universidades, mantidas estas, a duras penas, com recursos de todo o povo trabalhador brasileiro.


Foi, pois, com um sentimento de desânimo que iniciei a escrever este artigo. Imagino que os demais escritores conscientes da nossa triste realidade, também, estejam desanimados. Com o advento das redes sociais, a maioria dos indivíduos passa grande parte do dia olhando a telinha de seus aparelhos smartphones em busca de mexericos, esportes, vídeos, jogos eletrônicos e ‘fake news’ de ordem política e psicossocial, plantados por empresas regiamente contratadas por uma elite para desinformar, confundir e contrainformar os internautas.


Neste contexto, já não se sabe mais o que é verdade e o que é mentira, objetivo este daquela elite venal que ainda se encontra encastelada no poder, mesmo após a recente mudança de governo.


O povo brasileiro, ao não saber mais qual a verdade, passou a aceitar tudo o que lê, vê e ouve como verdade e a não se importar mais com as mentiras. Vive em um mundo de ‘faz de conta’, onde tudo pode ser ou não ser, não importando mais as consequências de um ou de outro caso.


Neste paraíso psicossocial, as elites venais e ideologicamente comprometidas com o desvio de recursos e com a implantação do comunismo no país, se esbaldam com seus casuísmos, já que mesmo a Constituição Federal Cidadã, promulgada para beneficiar a própria esquerda, foi deixada de lado pela esquerda que a violenta constantemente sem nenhum pudor.


Criminosos já condenados em segunda instância são soltos, as celas dos presídios são abertas e milhares de condenados, cumprindo pena, são libertados supostamente em razão da pandemia, enquanto, paradoxalmente, se mantêm presos em quarentena nas suas casas milhões de pessoas trabalhadoras, também, supostamente, em razão da pandemia.


Por mais que autores sérios, patriotas e comprometidos com o bem do país, se esforcem para esclarecer à nossa população sobre a realidade em que está vive parece que falam a ouvidos moucos. As recentes eleições municipais mostraram que candidatos comprovadamente desonestos, comprovadamente comprometidos com a implantação do comunismo, com a extinção da religião, com a ideologia de gênero, com a prática do aborto, muitos deles membros de partidos que causaram rombos nas contas públicas por desvios criminosos que quase quebraram a nossa economia, foram eleitos ou ainda disputam o segundo turno com chances de vitória.


Isto só confirma que o nosso povo está desinformado em razão da pouca leitura; bem como, da acentuada crendice, da despolitização, da subserviência e da reduzida cultura geral a que tem sido conduzido por um ensino fraco que estabelece cotas raciais e que, normalmente, aprova todos ao final do ano letivo, mesmo sem o nível de conhecimentos necessários para tal. Convenhamos que qualquer tentativa de mudar uma conjuntura como esta é um trabalho Hercúleo para os poucos patriotas com larga visão do panorama nacional e internacional; patriotas estes em sua grande parte incompreendida e difamada pela esquerda atuante e, ainda, aparelhada na mídia, no governo, no meio artístico e entre os falsos intelectuais que se apresentam, perante o público, como filósofos e cientistas políticos.


Qualquer texto honesto, esclarecedor e que aponte caminhos será lido por muito poucos leitores, incapazes de mudar o cenário em que vivem através da pequena influência que exercem sobre o público, em geral, e sobre aqueles que decidem, em particular.


Assim meus caríssimos leitores, restam, apenas, aos escritores que adoram escrever diariamente, redigirem para si mesmos. Muitos guardam em suas gavetas o produto de suas mentes, sem se atreverem a divulgar aquilo que colocaram no papel, por saberem que não serão lidos ou, caso o sejam de modo superficial, não serão compreendidos pela maioria de leitores que param, apenas, no título e, quase sempre, não ultrapassam a primeira página. Nosso povo prefere os discursos ou as exposições orais, em razão da tradição cultural e de ser mais fácil de assimilar, já que a leitura, para aqueles que não a amam, cansa os olhos e a mente.


Tenho participado de alguns grupos de escritores que se reúnem no Whatsapp para conversar sobre Literatura. A maioria deles, eu constatei entristecido, escreve para si mesmo, guardando seus escritos para o futuro; talvez para uma geração que surja após a Terceira Grande Guerra entre a China e os USA, quando a Web não mais exista e os textos em papel voltem a ter, para os sobreviventes, a importância que tiveram no passado. Tempos aqueles em que a mentira, o falso testemunho e o roubo de dinheiro público eram, veementemente, criticados pelo público e punidos pelos monarcas e governantes, no mínimo, com as galés ou com a prisão perpétua nos calabouços dos castelos e não agraciados com comendas e cargos vitalícios nos palácios da capital do reino.


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