O bairro, que já foi o símbolo da cidade do Rio de Janeiro e de todo o Brasil, conhecido, proclamado e admirado pelo mundo todo, mercê do seu glamour, do encanto sem par de sua praia, de linda forma e de alvas areias apaixonadamente beijadas pelo mar, da beleza majestosa das verdes montanhas ao fundo, da arrojada arquitetura dos prédios, da acolhedora simpatia dos joviais e alegres moradores, queimados do sol e belos de alma e de corpo, hoje jaz decadente e abandonado.
Síntese de uma época dourada, em que todos os que travavam conhecimento com o Brasil e, principalmente, os brasileiros esperançosos acreditavam em conceitos animadores, como “Brasil, país do futuro”, “Rio de Janeiro, cidade maravilhosa”, “Copacabana, princesinha do mar”, a que se somou o de “Brasília, capital da esperança” no início dos anos de 1960, o lamentável estado a que foi conduzido espelha bem o doloroso, proposital e programado retrocesso a que nossa Nação foi condenada por gerações de governantes, legisladores, políticos em geral corruptos e antagônicos à construção do Bem Comum e aos Objetivos Nacionais, diabolicamente atuantes nos quatro cantos do País Continente.
Dos meus oitenta e quatro anos de vida, cinquenta e quatro passei no Rio de Janeiro, a maioria esmagadora dos quais morando em Copacabana. Isso me tornou um carioca e um copacabanense honorário, o que bem me habilita a escrever, com autoridade e carinho, este texto em favor da “minha” cidade e do “meu” bairro.
Na minha primeira infância, passei ocasionalmente pelo Rio, vindo de trem do Rio Grande do Sul, onde morava, para pegar o navio que levaria nossa família ao encontro dos avós, tios e primos paternos, residentes em Recife. Aos cinco anos de idade, residimos por algum tempo na cidade, num apartamento próximo à Praça Saenz Peña, antes da transferência do meu Pai para os EUA, em pleno período de guerra, havendo eu, já alfabetizado, frequentado o Instituto Petersen, escola também localizada na Tijuca.
Em setembro de 1947, estando eu com dez anos de vida e no Curso de Admissão, acompanhando sempre a carreira militar do Chefe da Família, voltamos a residir no Rio, num casarão alugado na Rua Artur Menezes, transversal da Rua São Francisco Xavier e perto do Derby Clube, onde logo depois seria erguido o imponente Estádio do Maracanã, para a Copa de 1950. Um dia, um amigo nos levou para passear de carro por Copacabana. Fiquei extasiado e encantado, emocionado com tanta beleza natural, imagem magnífica do bairro que, desde então, ficou gravada em minha memória!
A partir de 1955, estando eu já no segundo ano da Escola Naval, e ao regressar o restante da família de Belém do Pará onde servira meu Pai, fomos morar no apartamento recentemente construído, adquirido por ele para nossa residência permanente na Rua Dias da Rocha, sempre em Copacabana! De lá só saí em 1963, Capitão-Tenente, casado e com um filho, o primeiro de quatro. E Copacabana continuava linda, limpa, segura e acolhedora, como sempre fora e, por isso, tanta justificada fama recolhera!
É justo dizer-se que, nos anos da minha vida, os melhores governantes do Rio foram Carlos Lacerda, o “primus inter paris”, que tantas obras magníficas fez realizar, como a solução do problema da falta crônica de água, via barragem do Guandu, a construção do aterro do Flamengo, o alargamento da própria Praia de Copacabana, para permitir novas pistas de rolamento para desafogar o trânsito, o cuidado permanente com a judiciosa aplicação dos impostos, para adequados embelezamento, conservação e manutenção da cidade e do equipamento público, a fiscalização constante sobre a qualidade do trabalho e a dedicação e a honradez dos subordinados. Levou seu zelo ao ponto de exigir que todos os proprietários de imóveis recuperassem e pintassem as fachadas de cinco em cinco anos, para contribuir para o bom aspecto geral… De idêntica qualidade foi o governo de Francisco Negrão de Lima, que teve a visão de dar continuidade ao trabalho do seu excepcional antecessor.
A união da antiga Guanabara com o Estado do Rio agravou as mazelas e as carências da perda do status de capital federal pela cidade do Rio de Janeiro. Passamos a sofrer as consequências da ação de péssimos governantes, que fecharam os olhos para a ocupação desenfreada de áreas públicas e de reservas florestais, transformadas em numerosas e gigantescas favelas, trazendo prejuízos à qualidade da vida na cidade e riscos para os moradores despossuídos, vivendo sobre abismos sem a proteção contra os efeitos das chuvas fortes, pela ausência da cobertura vegetal, para fixar a terra. Grande destaque negativo tem de ser dado a Leonel Brizola, que proibiu a atuação da polícia nas favelas, e fez com que aqueles locais de moradia inadequada do povo pobre, honrado, migrante e trabalhador, passassem a ser valhacoutos de marginais fortemente armados, primeiro os narcotraficantes, a que se juntaram posteriormente os milicianos, que levaram o terror às comunidades em cujo seio se ocultaram, e logo a toda a cidade, uma ameaça que se tem revelado crescente e sem controle eficaz.
Outros governantes que merecem registro negativo são Cesar Maia, que substituiu as tradicionais calçadas de pedra portuguesa das ruas de Copacabana por outras, parte de cimento, parte de pedras, obra de péssima qualidade e de custo elevado, provocadora de acidentes com os moradores, em grande parte de idade avançada, pelo estado deplorável em que se encontram os caminhos dos pedestres, e a grande lista de governadores, todos já alcançados pelos braços da Lei pela prática de corrupção: Sergio Cabral, o mais punido governante/político do Brasil, Garotinho e sua mulher, Luiz Fernando Pezão, Wilson Witzel…
A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, realizadas no Brasil por interesseira pressão de Lulla, em busca de vantagens financeiras ilegítimas, apoiada pela máfia internacional que viceja por trás do comando mundial sobre o esporte, deu margem a extorsivos atos de corrupção, inflação de custos, lauta distribuição de propinas, construção de instalações caras e desnecessárias, logo entregues ao abandono… No Rio, a maioria dos bairros da Zona Sul, no entanto, de Ipanema à Barra da Tijuca, teve alguma melhoria, em termos de obras civis e viárias, pelo recapeamento de avenidas e ruas, conserto de calçadas, expansão das redes de metrô e de BRT, etc,,, Copacabana não foi beneficiada em coisa alguma, continuando entregue à crescente deterioração e ao abandono!
O bairro, que já foi a paixão e o orgulho dos cariocas, e atração para o mundo, clama por socorro! Tanta sujeira, tanta incúria pelo Bem Comum, tanto lixo lançado em locais impróprios, tanta pichação, tantos infelizes miseráveis jogados por todas as calçadas, homens e mulheres, casais, famílias inteiras, vivendo ao léu, agridem os moradores em geral, e as pessoas caridosas, em particular, que, malgrado seus esforços, muito pouco podem fazer para restaurar o ambiente público e mitigar as agruras dos pobres sem destino entregues ao tempo, e os idosos – Copacabana é o bairro por excelência dos velhos -, a toda hora sujeitos a graves e incapacitantes acidentes nas calçadas destruídas, cheias de buracos e de irregularidades.
Uma mensagem final, que espero poder fazer chegar ao Prefeito: Eduardo Paes, depois da decepcionante atuação de Crivella, tem você chance de ouro de consagrar sua administração, de neutralizar os questionamentos levantados sobre sua última passagem pela Prefeitura. Cuide bem do Rio, começando por devotar atenção e carinho especiais para Copacabana! Recupere definitivamente esses ícones do Brasil para o mundo!